Com mais de 40 anos de estrada, artista continua firme no trabalho de resgate e guarda de símbolos da cultura popular
Roberto Amorim
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É dessa invejável determinação que tira o sustento da casa e contribui para o registro pictórico de costumes que estão desaparecendo. Tem sido assim desde que resolveu dar uma pausa nas obras surrealistas e colocar em prática o colorido projeto Cordão Nordeste.
A partir daí, Paulo começou a transformar em pinturas as histórias de trancoso e da carochinha contadas pela avó; os cenários, personagens e as brincadeiras do mundo real, além do farto universo do folclore alagoano.
As telas são recortes de um Nordeste colorido, vivo, alegre e lúdico. Uma realidade recriada para ser entendida e, ao mesmo tempo, seduzir crianças e jovens. "Não podemos deixar nossa juventude crescer sem contato com a arte e os artistas da terra. Sem isso, que referência eles terão do lugar onde nasceram e vivem?", alerta.
Nas escolas
Como todo artista inquieto, Paulo foi além do ato da criação e decidiu levar seus trabalhos para as escolas. A intenção é o diálogo direto entre a pintura e as crianças.
"Os objetivos desse trabalho na sala de aula são muitos: despertar o interesse espontâneo pela pintura, a descoberta das infinitas possibilidades da arte, aumentar a auto-estima, formar platéia para as artes plásticas e colaborar para o surgimento de futuros a rtistas plásticas".
Para isso, ele apresenta ao público infanto-juvenil os coloridos trabalhos povoados de cangaceiros, guerreiros, carros de lata, cirandas, circo, pau de sebo, mamulengos e muitas outras referências guardadas no seu imaginário de criança curiosa e artista observador e saudosista dos tempos que jogava ximbra nas ruas de barro de Maceió.
A didática é simples, explica o artista: "Mostro as pinturas, conto um pouco da história de cada tela e depois, com a ajuda das professoras, peço para eles desenharem o que acharam dos personagens. O resultado tem sido surpreendente, com crianças revelando o talento para a pintura".
Mas, contrariando o bom senso, Paulo não tem encontrado muitas escolas de portas abertas para seu projeto. A cada dia tem ouvido cada vez mais "Não" e, sem entender direito o que está acontecendo, continua na busca por crianças e jovens interessados em arte.
"Muitos diretores de escolas não me atendem e outros não me deixam explicar do que se trata o meu trabalho. Dizem que os alunos precisam aprender português e matemática, e não perder tempo com arte. Estão completamente enganados, por isso, vou continuar insistindo".
Serviço
Ateliê do artista Paulo Caldas
Avenida Jangadeiros Alagoanos, 897, Pajuçara
e-mail: cordao-nordeste@hotmail.comTel.: 9955-2464
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