terça-feira, 3 de março de 2009

SONS COLORINDO FACES

Artista plástico alagoano, residente em Maceió, em atividade há quase quarenta anos, Paulo Caldas realizou exposições individuais e coletivas, participando de feiras e eventos culturais em sua terra e em outras cidades do Brasil.
Primeiro de seis irmãos, ainda criança descobriu-se artista, mesmo sem ter consciência disso. Coloria figuras de carimbos e reproduzia personagens de quadrinhos. Gostava de ler e ouvir histórias contadas por sua avó, experiência fundamental à sua formação de homem dedicado à arte. Com as histórias de trancoso e da carochinha aprendeu a ir além do real e a abrir as portas da imaginação, trazendo para sua vida toda a riqueza existente nos campos da criatividade cuidadosamente cultivada.

Sua inquietação o levou a buscar outras formas de expressão. Além do desenho, da pintura, Paulo dedica-se a escrever crônicas, tocar violão e compor canções musicando seus poemas, unindo cores, traços e sons criando um universo coeso e harmonioso.

De natureza surrealista, atualmente desenvolve um trabalho dedicado ao público infantil e à região onde nasceu, denominado Cordão Nordeste, com o qual participa de feiras artesanais onde tem contato com a verdadeira face do povo brasileiro. Em todas as camadas sociais e nas diversas regiões visitadas Paulo Caldas encontra uma forte identificação do público com a sua proposta, descobrindo a partir daí onde pode cultivar seu universo interior e dar de si para enriquecer o mundo ao seu redor, estabelecendo assim uma troca justa e benéfica.

Cordão nordeste é um trabalho de guarda e resgate de símbolos da cultura popular nordestina e abrange desde brinquedos e brincadeiras infantis até as danças, cores e indumentárias de figuras do folclore que lutam com garra e alegria para não deixar morrer suas raízes.

Jogos de chimbra, arraia, avião, pau de sebo, cavalinhos de pau, bonecas de pano, carros de lata, mamulengos, circos, palhaços, guerreiros, maracatus, cirandas, são alguns motivos representados pelo Cordão Nordeste através de quadros, painéis para decoração de quartos, poemas, cartões de natal, calendários, cadernetas personalizadas, capas de caderno, toalhas de mesa e outros produtos que venham agregar-se a estes, visando cada vez mais a divulgação de uma arte genuinamente brasileira.

Temos, portanto, uma perfeita união entre o artista e o seu trabalho, onde aquele respira este e este é o seu lar.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

O Nordeste colorido de Paulo Caldas

Com mais de 40 anos de estrada, artista continua firme no trabalho de resgate e guarda de símbolos da cultura popular

Roberto Amorim

Artista de mais de quatro décadas anos de ofício, o alagoano Paulo Caldas faz parte daqueles que nunca desanimam. Sem espaço para expor, vendendo pouco e ouvindo repetidos "Não" ao projeto que leva arte até as escolas, ele continua firme no trabalho de resgate e guarda de símbolos da cultura popular.

É dessa invejável determinação que tira o sustento da casa e contribui para o registro pictórico de costumes que estão desaparecendo. Tem sido assim desde que resolveu dar uma pausa nas obras surrealistas e colocar em prática o colorido projeto Cordão Nordeste.
A partir daí, Paulo começou a transformar em pinturas as histórias de trancoso e da carochinha contadas pela avó; os cenários, personagens e as brincadeiras do mundo real, além do farto universo do folclore alagoano.

As telas são recortes de um Nordeste colorido, vivo, alegre e lúdico. Uma realidade recriada para ser entendida e, ao mesmo tempo, seduzir crianças e jovens. "Não podemos deixar nossa juventude crescer sem contato com a arte e os artistas da terra. Sem isso, que referência eles terão do lugar onde nasceram e vivem?", alerta.

Nas escolas
Como todo artista inquieto, Paulo foi além do ato da criação e decidiu levar seus trabalhos para as escolas. A intenção é o diálogo direto entre a pintura e as crianças.
"Os objetivos desse trabalho na sala de aula são muitos: despertar o interesse espontâneo pela pintura, a descoberta das infinitas possibilidades da arte, aumentar a auto-estima, formar platéia para as artes plásticas e colaborar para o surgimento de futuros a rtistas plásticas".
Para isso, ele apresenta ao público infanto-juvenil os coloridos trabalhos povoados de cangaceiros, guerreiros, carros de lata, cirandas, circo, pau de sebo, mamulengos e muitas outras referências guardadas no seu imaginário de criança curiosa e artista observador e saudosista dos tempos que jogava ximbra nas ruas de barro de Maceió.


A didática é simples, explica o artista: "Mostro as pinturas, conto um pouco da história de cada tela e depois, com a ajuda das professoras, peço para eles desenharem o que acharam dos personagens. O resultado tem sido surpreendente, com crianças revelando o talento para a pintura".

Mas, contrariando o bom senso, Paulo não tem encontrado muitas escolas de portas abertas para seu projeto. A cada dia tem ouvido cada vez mais "Não" e, sem entender direito o que está acontecendo, continua na busca por crianças e jovens interessados em arte.

"Muitos diretores de escolas não me atendem e outros não me deixam explicar do que se trata o meu trabalho. Dizem que os alunos precisam aprender português e matemática, e não perder tempo com arte. Estão completamente enganados, por isso, vou continuar insistindo".

Serviço
Ateliê do artista Paulo Caldas
Avenida Jangadeiros Alagoanos, 897, Pajuçara
e-mail: cordao-nordeste@hotmail.comTel.: 9955-2464